Conecta Futuro | 29 outubro, 2025
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A transição ecológica tornou-se um eixo central nas agendas internacionais que articulam desenvolvimento sustentável, inovação e justiça social. Nesse contexto, instituições multilaterais como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a UNESCO têm reforçado o papel estratégico da educação na construção de sociedades ambientalmente responsáveis e capazes de responder aos desafios da crise climática. A proximidade da COP30, que ocorrerá em Belém do Pará de 10 a 21 de novembro de 2025, coloca novamente em evidência a urgência de alinhar políticas educacionais e ambientais sob uma perspectiva global, mas, desta vez, sensível às diversidades locais.

A OCDE, ao discutir o conceito de “crescimento verde” e propor indicadores de sustentabilidade, tem destacado que a transição ecológica exige competências complexas — cognitivas, sociais e emocionais — que só podem ser desenvolvidas por meio de sistemas educacionais inovadores. Já a UNESCO, em seu marco para a Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS), insiste na necessidade de promover uma aprendizagem transformadora, que vá além da mera transmissão de conteúdos ambientais e envolva o compromisso ético com o planeta.

Todos esses aspectos envolvem, como destacamos em nossa última edição, uma perspectiva educacional transdisciplinar que ultrapasse o modelo de conhecimento fragmentado que nos trouxe até aqui. O papel de escolas e universidades é, por assim dizer, fundamental na consolidação de novas formas de pensar e agir diante da crise ecológica: cabe a essas instituições promover uma educação que integre ciência, cultura e ética ambiental, formando sujeitos capazes de compreender a complexidade dos sistemas naturais e sociais e de intervir de modo crítico e responsável nos processos de transição ecológica que se impõem no século XXI.

No cenário da COP30, a educação aparece como um vetor transversal das negociações climáticas: é por meio dela que se forma uma cidadania ecológica global, capaz de compreender a interdependência entre economia, ambiente e cultura. A transição ecológica, portanto, não deve ser vista apenas como um conjunto de reformas tecnológicas ou regulatórias, mas como uma mudança civilizatória que implica rever modos de produção, consumo e conhecimento.

Em termos práticos, isso significa investir em currículos que abordem as mudanças climáticas de forma transdisciplinar, incentivar metodologias participativas que aproximem estudantes de problemas reais de suas comunidades e ampliar a cooperação internacional em torno de políticas educacionais sustentáveis. O desafio está em articular as metas globais discutidas em espaços como a OCDE e a UNESCO com as realidades regionais — especialmente nos países do Sul Global, que enfrentam os impactos mais severos das desigualdades socioambientais.

A COP30 poderá representar um marco nesse processo se conseguir consolidar o papel da educação como dimensão essencial da ação climática. Mais do que formar técnicos, trata-se de formar sujeitos ecológicos, críticos e criativos, capazes de imaginar e sustentar a transição para um futuro possível.