Conecta Futuro | 23 setembro, 2025
Tempo estimado de leitura: 2 minutos

Transdisciplinaridade e COP30

O termo “transdisciplinaridade” foi usado pela primeira vez por Jean Piaget, num congresso em Nice, na década de 1970. Outros pensadores mundo afora também desenvolveram, na mesma década, noção parecida. Foi o caso de Edgar Morin, Basarab Nicolescu e, aqui no Brasil, de Ubiratan D’Ambrosio. Todos projetaram um tempo que desconhecíamos à época, mas que acabaria por virar realidade rapidamente. Diziam que chegaria um momento em que os velhos – e fragmentários – esquemas de conhecimento não seriam mais suficientes para resolver os problemas (cada vez mais complexos) da humanidade. Sem saberem, estavam profetizando o nosso presente. O nosso agora.

De lá para cá, mudanças. A COP30 ocorrerá em novembro próximo, em Belém do Pará, e uma das perguntas é se seremos realmente capazes de agir de forma integrada frente aos problemas que merecem cada vez mais nossa atenção. Entre as pautas que devem ser discutidas, podemos listar algumas: mitigação (redução de emissões de gases de efeito estufa), adaptação às mudanças climáticas, preservação/restauração de florestas, biodiversidade e ecossistemas, financiamento climático, justiça climática / impactos sociais, transição energética justa, sinergias entre Agenda Climática e Agenda de Desenvolvimento Sustentável / ODS, alimentação saudável e sustentável, governança climática e multilateralismo.

Como se vê, nenhum desses objetivos poderá ser alcançado sem um esquema de cooperação e de integração. Integração que deverá envolver países, não há dúvidas, mas também integração que deverá incluir saberes.

A esse respeito, lembremos que a COP30 também será um espaço oportuno para um diálogo saudável (e de valorização) dos saberes ancestrais e dos povos originários. Se isso será suficiente para (re)descobrirmos um dos pilares mais importantes do pensamento transdisciplinar (o do respeito aos saberes – tema para a Educação), não está claro ainda. Mas será importante ver que desdobramentos teremos a partir daí.

Não esqueçamos: falar de justiça climática envolve construir uma nova ética planetária. Mas que ética será essa?

E qual o papel da Educação frente a tudo isso?

Talvez a resposta esteja no “transdisciplinar” – naquilo que está tecido em conjunto e para além dos esquemas cartesianos de conhecimento que nos trouxeram até aqui. A COP30 fará aflorar temas que interessam a educadores e educadoras. A pergunta é: o que faremos com eles?

 

Gustavo A. de Miranda

Docente dos Cursos de Licenciaturas da Universidade São Judas